A seleção brasileira começou muito mal a temporada de 2019. No primeiro amistoso do ano, neste sábado, não conseguiu ir além do empate por 1 a 1 contra o Panamá, em amistoso no estádio do Dragão, na Cidade do Porto, em Portugal. Ainda que tenha dominado o jogo, como era previsível e obrigatório, a equipe do técnico Tite pecou pela falta de objetividade. Não soube sair da retranca adversária. Não teve criatividade, concluiu muito pouco ao gol adversário e ainda demonstrou insegurança defensiva nas raras vezes em que foi ameaçada.
Foi um péssimo começo de ano para uma equipe que daqui a menos de três meses tentará, em casa, o título da Copa América. Neymar, que não foi convocado por causa da fratura no pé direito da qual ainda está em recuperação, foi ao Porto assistir à partida em um camarote do estádio do Dragão. Detalhe: o Panamá não ganha há quase um ano e contra o Brasil obteve apenas o terceiro empate neste período – são nove derrotas, portanto.
Nem mesmo os testes feitos por Tite podem ser considerados positivos. Lucas Paquetá teve mais bons do que maus momentos e ainda fez o gol brasileiro. Mas esteve longe de encantar. Alex Telles ainda teve a seu favor o bom primeiro tempo. E Eder Militão a rigor não foi testado.
O meio de campo com Casemiro, Arthur e Lucas Paquetá mostrou que pode render frutos. Mas não evoluiu como esperado diante de um time bastante defensivo. Philippe Coutinho teve poucos momentos de efetividade e no segundo tempo acabou sumindo do jogo. Roberto Firmino e depois Gabriel Jesus pouco fizeram. Richarlison lutou bastante, mas perdeu gol incrível.
Nesta terça-feira, a seleção faz o último amistoso antes de Tite anunciar o grupo que disputará a Copa América. Enfrenta a República Checa, em Praga, às 16h45 (de Brasília), e o treinador vai escalar vários titulares. Na defesa, por exemplo, o goleiro Alisson, os zagueiros Thiago Silva e Miranda e o lateral-esquerdo Alex Sandro deverão começar a partida. Marquinhos também tem chance.
O JOGO – Com o Panamá bastante fechado – duas linhas defensivas, uma com cinco jogadores e outra, posicionada um pouco mais à frente, com quatro -, a seleção brasileira teve dificuldade de penetração nos 20 primeiros minutos. O time trocava passes, mas não conseguia jogar de maneira vertical. Basicamente, só levava algum perigo aos panamenhos em bolas alçadas na área.
Foi assim que Roberto Firmino teve boa chance de cabeça, aos 17 minutos, após cruzamento de Alex Telles, mas a bola foi para fora. Mesmo com dificuldade, o meio de campo do Brasil se movimentava bem. Lucas Paquetá, jogando mais centralizado, se mexia e procurava ocupar espaços, mas não conseguia dar sequência às jogadas. Arthur procurava chegar de surpresa na entrada da área e foi desse setor que bateu duas vezes seguidas, à direita do gol de Mejía, aos 21 e 22 minutos.
Philippe Coutinho, pela esquerda, estava apagado, apesar do apoio do estreante Alex Telles, que aproveitava o posicionamento recuado do adversário para avançar. Telles, por sinal, fez um bom primeiro tempo. Na frente, Roberto Firmino, mais fixo perto da área, tocava pouco na bola. Richarlison, pela direita, participava mais, mas sem grande efetividade.
Ainda assim, foi Roberto Firmino que sofreu uma falta na meia-lua da área aos 25 minutos, após uma roubada de bola, que Philippe Coutinho cobrou mal, por cima do gol.
O Brasil, porém, era melhor e chegou ao gol aos 31 minutos. Casemiro, capitão do time neste sábado, cruzou da intermediária, Lucas Paquetá entrou por trás da zaga e emendou de primeira, ainda contando com a colaboração do goleiro Mejía para marcar.
Naquela altura, Tite já havia invertido o posicionamento dos meias e tanto a produção de Philippe Coutinho, mais centralizado, como a de Lucas Paquetá, pela esquerda, melhorou.
A defesa do Brasil não tinha trabalho, pois o Panamá não atacava e foi rondar a área de Ederson pela primeira vez somente aos 28 minutos. Mas uma falha até infantil da seleção permitiu ao adversário empatar a partida, embora com um gol irregular. Aos 35, após falta de Richarlison, que entrou atabalhoadamente em Cooper na intermediária, a bola foi alçada na área, a defesa brasileira fez a linha de impedimento, mas saiu de maneira descoordenada – e Richarlison correu em direção à área brasileira. Isso talvez tenha confundido o auxiliar, que não percebeu que Machado havia se adiantado para, impedido, desviar de cabeça do alcance de Ederson.
O Brasil, depois disso, manteve o domínio, mas a dificuldade de finalização permaneceu até o final da etapa.
No segundo tempo, a seleção, claro, manteve o controle da bola e concluiu duas vezes em oito minutos. Richarlison acertou o travessão com um chute de primeira após cruzamento de Fagner, aos cinco minutos, e Lucas Paquetá viu a “brecha” e bateu de fora da área aos 8.
Cinco minutos depois, Roberto Firmino ajeitou com um toque sutil e Lucas Paquetá bateu novamente de primeira, mas chutou em cima de Mejía. Foi a última jogada dos dois, substituídos em seguida por Gabriel Jesus e Everton, respectivamente.
A partir de então, a seleção passou a ter Philippe Coutinho definitivamente centralizado e o ataque com Richarlison pela direita, Gabriel Jesus de centroavante e Everton pela esquerda.
Mas o tempo passava e o empate permanecia. E o Panamá vez ou outra atacava. Em uma dessas ocasiões, após outra cobrança de falta contra a área de Ederson em que o Brasil utilizou a tática do impedimento, Gabriel Torres acertou o travessão, mas desta vez a arbitragem assinalou a condição irregular do atacante.
Pressionar a seleção pressionava. Chutar, chutava. Mas nada de o gol sair. Richarlison cresceu bastante, com boas jogadas individuais. Mas aos 25 minutos perdeu na pequena área, chutando por cima o rebote de uma bola cabeceada por Casemiro no travessão.
Felipe Anderson entrou no lugar de Arthur, que estava bem no jogo, movimentou-se e correu bastante e ajudou na “blitz” que a seleção tentou a fazer na parte final da partida. Mas, a partir dos 35 minutos, a impressão dada foi que o time se conformou com a dificuldade que estava encontrando. Até as oportunidades de gol se tornaram raras.
Com isso, os minutos finais da partida tornaram-se um suplício para os jogadores – e para os torcedores no estádio do Dragão. E aos 49 minutos quase que o Panamá vira o jogo. Consequência: a seleção saiu vaiada de campo. Um péssimo começo de ano.
Por Almir Leite
Fonte Cidadeverde.com / Estadão Conteúdo